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quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Anais do 3º Enprocult são disponibilizados na rede

Público acompanha sessão de trabalho. Foto: Carla Galrão
As sessões de trabalhos do 3º Enprocult contaram com 26 apresentações, divididas nos eixos de Formação, Gestão Cultural e Produção Cultural. A fim de universalizar as produções dos participantes, lançamos os anais do evento em um portal online. Os trabalhos podem ser baixados aqui. O perfil do evento no site apresenta também outros documentos, como os roteiros utilizados pelos palestrantes nas mesas de debate.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Plenária oficializa Natal como sede do 4º Enprocult

Foto: Paulo Fuga / Ascom IFRN

 Por Adriana Santana*

A Plenária do 3º Enprocult, intitulada Plenária Itamar Ferreira, selou o final das atividades do encontro na manhã de 4 de outubro, sexta-feira. Discussões sobre o futuro do evento, perspectivas para a área e o registro da passagem do Enprocult para o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) marcaram a atividade.

Ugo Mello iniciou a plenária prestando homenagem a Itamar Ferreira, estudante de Produção Cultural da UFBA assassinado em Salvador neste ano. O jovem é símbolo da luta pela diversidade e fim dos preconceitos diversos, especialmente raciais e de gênero, por quais levantava bandeira. Na sequência, foi apresentada a proposta da “Carta de Salvador – Carta Aberta dos Produtores Culturais como resultado das discussões do 3º Encontro Nacional de Produção Cultural”, que deve ser utilizada em situações de divulgação e reconhecimento das formações. O documento oficial, que será lançado em novembro, apresentará a área de atuação dos produtores, competências e características dos cursos, afim de pleitear a valorização e reconhecimento profissional.

Assim que o microfone foi aberto ao público, diversos participantes fizeram contribuições. Estudantes da Universidade Federal Fluminense (UFF) defenderam que o evento deve atender de forma mais efetiva os interesses dos graduandos. “Não podemos perder de vista o fato de que é um encontro de estudantes, portanto, os momentos de diálogo devem ter mais espaço na programação, para que estejamos sempre em contato”, apontou Thiago Piquet. “Achamos que falta o nome ‘estudantes’ no título do encontro. Ele deve ser o Encontro Nacional de Estudantes de Produção Cultural”, completou Anatália Pedro. Valéria Pinheiro indicou a necessidade de criação de um evento voltado para profissionais da área, em uma perspectiva mercadológica, e se predispôs a lançar tal proposta em Fortaleza (CE), onde atua. Gláucio Teixeira, do IFRN, questionou se, ao invés de criar um novo encontro nacional para o setor, não seria mais interessante o surgimento de encontros estaduais de Produção Cultural.

Depois do debate, a atividade partiu para o momento mais aguardado: a passagem do encontro para a cidade de Natal (RN). Os alunos responsáveis pela organização, juntamente com a coordenadora do curso, Mary Land Brito, participaram da entrega do Tangram, símbolo do evento, oficializando a responsabilidade de o IFRN Cidade Alta sediar a 4º edição do Enprocult, em 2014. “Muito bom esse momento que passamos juntos e estreitamos laços, debatemos, rimos e exercitamos nossa paciência. Foi maravilhoso ver a empolgação e o empenho de vocês em trazer para Natal o congresso no ano que vem. Vocês têm total condição de fazer um lindo evento. Mãos a obra!”, vibrou Mary Land, em direção ao grupo de mais de 40 alunos potiguares que compareceram ao evento de Salvador.

* com contribuição de Paulo Fuga / Ascom IFRN

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Experiência comunitária é compartilhada na vivência no Centro Cultural Plataforma

Foto: Vanice da Mata
Por Elba Caroline

O Centro Cultural Plataforma (CCP), localizado na região do Subúrbio Ferroviário de Salvador, foi um dos locais das vivências no último dia do Enprocult. O CCP era um antigo cine-teatro, que foi bastante frequentado pelos moradores locais, mas fechou suas portas por conta da decadência dos cinemas de bairro na capital baiana na segunda metade do século XX. Após 20 anos de fechamento, o espaço foi recuperado pela mobilização dos artistas do bairro e reabriu suas portas em 8 de junho de 2007.

O Centro é mantido pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult-Ba) e realiza diversas atividades culturais ligadas a múltiplas linguagens artísticas, como teatro, dança música, cinema e leitura, para população do Subúrbio Ferroviário. Para auxiliar na coordenação e gestão do centro, foi criado o Fórum de Arte e Cultura do Subúrbio, formado por grupos culturais, artistas e moradores da região, com o objetivo de manter a organização e o funcionamento do espaço de forma dinâmica e fazer com que cumpra o seu papel no bairro, mantendo a relação do equipamento com o território de identidade. O Centro Cultural Plataforma é bem equipado, com 206 lugares – sendo três assentos para pessoas com deficiência –, e atua como um agente social, desempenhado a função de mediador entre os artistas locais, o cenário cultural soteropolitano e a comunidade do Subúrbio Ferroviário.

A vivência no espaço se deu por uma roda de bate-papo no palco do teatro entre o assistente de coordenação, Marcio Barcelar, e os participantes do 3º Enprocult. Durante a conversa, foi apresentado o funcionamento do espaço e discutida a relação com a comunidade e os projetos desenvolvidos no Centro. O Caldeirão Cultural é um dos projetos mais reconhecidos do espaço e que atrai bastante público na época de sua realização. Trata-se de apresentações de diversos artistas da comunidade que mostram seus trabalhos e constroem uma relação de troca e diálogo com outros grupos. Hoje o CCP possui cerca de nove grupos residentes.

Após o bate-papo sobre o funcionamento do Centro, ocorreu uma visita guiada entre as instalações do espaço, foi apresentado o palco, cabine de som, camarim, salas de ensaio, quintal e foyer. Logo depois, os participantes do 3º Enprocult pegaram o barco no terminal de Plataforma e fizeram a travessia para a Ribeira, com vista para a Baía de Todos os Santos, onde fecharam a vivência tomando o tradicional sorvete do bairro, considerado o melhor de Salvador.

Vivência no TCA é um dos destaques do último dia do Enprocult

Foto: Carla Galrão

Por Rayssa Guedes, colaboradora da Agenda Arte e Cultura UFBA

Na última tarde do evento, 4, rolou uma visita a um dos mais importantes equipamentos culturais de Salvador e da Bahia: o Teatro Castro Alves (TCA). Famoso por abrigar a Orquestra Sinfônica da Bahia (OSBA) e um elogiado corpo de dança, o Balé TCA, o espaço é palco para as mais diversas e importantes apresentações culturais. Música, dança, teatro, vernissages e exposições são alguns dos segmentos que o teatro contempla em sua pauta de apresentações.

Cerca de 30 pessoas, entre elas estudantes e profissionais de Produção Cultural, compareceram à visita realizada pelo 3º Enprocult. Manoel Caramugi recepcionou e coordenou a visitação aos ambientes do teatro e, num clima descontraído com o grupo, mostrou e explicou cada detalhe e função destes espaços. O vão livre, o foyer, a sala principal, as coxias, a famosa Concha Acústica e a Sala do Coro foram algumas das dependências que os visitantes puderam conhecer e entender o funcionamento. Além disso, o grupo teve contato com espaços técnicos como as salas do figurino, artesanato, carpintaria e cenografia.

Rose Lima, diretora artística do TCA, finalizou a vivência apresentando programas, oficinas e apresentações oferecidas pelo teatro. Entre eles, destacam-se o Domingo no TCA, programa mensal que oferece programação aos domingos a preço popular (por R$ 1,00 a inteira e R$ 0,50 a meia-entrada); o Conversas Plugadas, no qual acontece um bate-papo com profissionais da área (sejam produtores, diretores, técnicos etc.); além da OSBA e o corpo de dança já citados. Rose ainda destacou a importância do TCA para a produção, a pesquisa e a qualificação em áreas artísticas.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Teatro Vila Velha acolhe participantes em uma das vivências

Foto: Paulo Fuga / Ascom IFRN
Por Adriana Santana

Um dos encontros de vivência promovidos pelo 3º Enprocult ocorreu no Teatro Vila Velha (TVV). A atividade, considerada uma das mais importantes do evento, colocou o público em contato com a gestão de diferentes espaços culturais de Salvador. No Vila Velha, estudantes e produtores de Fortaleza, Natal, Santos, Niterói, Rio de Janeiro e do interior da Bahia, entre outros, foram recebidos pelos anfitriões Sônia Robatto, fundadora do teatro, Ângela Andrade, diretora geral, e Marcio Meirelles, diretor artístico.

A história do espaço, os projetos e grupos residentes foram apresentados aos participantes, que se mostraram empolgados. “Acho a visita importante porque a gente acaba fazendo intercâmbio com as experiências que já conhece, para somar e trazer para um espaço de troca”, apontou Gregory Combat, da Universidade Federal Fluminense (UFF). Do ponto de vista histórico, os gestores lembraram que o teatro, inaugurado em 1964, serviu como ponto de apoio para os artistas durante a Ditadura Militar. Rememoraram ainda o início das carreiras de Gal Costa e Maria Bethânia naquele local, bem como as apresentações dos Novos Baianos, Tom Zé, Gilberto Gil e Caetano Veloso – esses últimos que, inclusive, fizeram shows beneficentes em prol do teatro.

Do ponto de vista de gestão, o equipamento, que recebe anualmente cerca de 450 apresentações, é mantido a partir de diversas fontes. 40% da receita é proveniente do estado da Bahia, através da chamada pública Apoio às Ações Continuadas de Instituições Culturais, 30% da manutenção é custeada pelo patrocínio direto da Petrobrás, enquanto o restante da receita fica por conta da autogestão – projetos que são desenvolvidos e bilheteria. Há alguns anos, foi criada a campanha “De graça não tem graça”, para incentivar o público a pagar pelos ingressos, diminuindo assim a cota de convites e estimulando a conscientização de que o teatro deve sobreviver de bilheteria, se afastando assim da dependência das leis de incentivo.

Após o bate-papo, os participantes circularam pelas dependências do espaço cultural. Palco, bastidores, estúdio, centro de documentação, administração... nada ficou imune aos olhares curiosos dos produtores. Por fim, todos receberam de lembrança postais e um dos CDs gravados no teatro, para não esquecerem a visita.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Última mesa de debates apresenta novas perspectivas para a Produção Cultural

Foto: Virgínia Andrade

Por Leandro Souza e Natália Cunha

Para a terceira e última mesa do 3° Enprocult, realizada na manhã do dia 4 de outubro, a discussão girou em torno das Novas Perspectivas para o Produtor Cultural. No debate, estavam presentes os produtores Messias Bandeira, professor do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências da UFBA (IHAC) e pesquisador em Cultura Digital, Piti Canella, da Itaipava Arena Fonte Nova, e DJ Branco, apresentador do programa Evolução Hip-Hop, da Rádio Educadora. Com a mediação da produtora cultural Gleise Oliveira, as falas tiveram por foco a Produção Cultural nos grandes eventos, nas periferias e a relação da música na Cultura Digital.

Messias Bandeira, primeiro palestrante da manhã, falou sobre música e o quanto ela foi o primeiro segmento cultural que conseguiu se consolidar enquanto indústria. Assumidamente militante do processo de compartilhamento de bens culturais e livre acesso à informação, Messias acredita que há novas formas de produzir e experimentar a cultura, como compartilhamento de dados através das novas tecnologias e o processo de dessacralização da indústria do disco. Falou também da importância de pensar a música fora da indústria fonográfica e das implicações da mesma nos direitos autorais e no ECAD. Por fim, falou sobre a experiência do Digitalia, evento coordenado por ele que alia debates e produções voltadas para a área da música e da Cultura Digital.

Relatando uma experiência partilhada do movimento hip-hop com o Festival Internacional Vivadança de 2009, DJ Branco afirmou que “o hip-hop dialoga com o mundo”. Segundo ele, esse movimento ainda é mal visto pela sociedade e pelos grandes veículos de comunicação, o que dificulta a área, mas que é necessário o rompimento de paradigmas e estereótipos acerca dessa cultura. Isso está sendo realizado através da criação de uma rede de serviços e persistência para ocupar novos espaços através de parcerias, tais como a Revista Rap Nacional e programa na Rádio Educadora da Bahia, intitulado Evolução Hip-Hop.

Na última fala da mesa, Piti Canella apresentou sua trajetória como produtora cultural e os motivos que levaram a ser convidada para gerenciar o segmento de eventos culturais da Arena Fonte Nova, espaço multiuso financiado por uma parceria público-privada. Segundo a produtora, que iniciou seu trabalho na área de Tecnologias da Informação, “profissionalizar a área é o caminho”.

AgenciAÇÃO marca segunda noite de apresentações culturais

Foto: Caah Galrão

Por Natália Cunha

Na segunda noite, 3 de outubro, a festa AgenciAÇÃO, que é produzida semestralmente pela Agência Experimental em Comunicação e Cultura, instância acadêmica da FACOM/UFBA, animou os participantes do Enprocult. As várias atrações da noite foram diversificadas e fizeram o som rolar até um pouco mais tarde.

Para abrir a noite, a Associação de Capoeira Engenho interagiu de forma divertida com os participantes, chamando-os para jogar e dançar com os integrantes. Ao término da apresentação, a cantora de MPB Jadsa Castro cantou várias músicas, ao som de seu violão e dos aplausos do público. Entre a cantora e o encerramento da festa, aconteceu uma intervenção artística do ator Paulo Paiva. O ponto alto da noite foi a discotecagem do DJ Branco, palestrante da mesa "Novas Perspectivas para a Produção Cultural".

A festa de encerramento do Encontro Nacional de Produção Cultural acontecerá nesta sexta-feira, 4, no Pelourinho, a partir das 20h. A abertura será de Exoesqueleto e a festa encerrá com a banda Cascadura. A entrada é gratuita, então cheguem cedo para garantirem seu lugar!

Oficina ensina sobre análise de públicos e mercados culturais


Por Natália Cunha

A Oficina "Análise de Públicos e Mercados Culturais” teve o intuito de mostrar para os participantes as etapas que envolvem a pesquisa de público-alvo para seus eventos. Na tarde de quinta-feira, 3, a atividade foi ministrada pela sócia da P&A – Pesquisa e Análise, Aglaé Diament.

Na primeira parte da oficina, Aglaé falou da diferença entre públicos alvo e efetivo e também de amostra e realidade. De acordo com ela, antes de uma pesquisa ser realizada, é preciso saber se os benefícios são maiores que os custos. Se sim, o trabalho ocorre normalmente. Se não, trabalha-se com os dados que já existem, tentando modificá-los para o propósito.

Segundo a participante Val Benvindo, a oficina foi bastante proveitosa. “Aproveitei para abrir os horizontes dentro da Produção Cultural, com o vasto conhecimento de Aglaé no assunto”. Segundo Val, um dos assuntos mais interessantes que ouviu foi sobre os relatórios finais das pesquisas, que necessitam ser sempre realizados. A oficina finalizou com a sala ainda cheia e, segundo os participantes, o resultado foi positivo.

Oficina de Produção Teatral é destaque no Enprocult

Foto: Carla Galrão
Por Rayssa Guedes, colaboradora da Agenda Arte e Cultura UFBA

Um dos destaques da tarde de quinta-feira, 3, foi a Oficina de Produção Teatral, ministrada pela diretora e produtora Fernanda Paquelet. Entusiasta da profissão, Paquelet, numa conversa descontraída com os participantes, explicou todas as minúcias necessárias para uma boa produção de teatro.

Eixos como tema, encenação, interpretação, infraestrutura e gestão foram destrinchados pela produtora, que também tirou dúvidas dos participantes. Em discussão com o grupo, Paquelet apresentou novas vertentes teatrais com possibilidade de produções compatíveis. "Novas formas de teatro requerem um novo tipo de produção", reflete. Defensora do teatro como mecanismo de formação, incentivou os presentes a se debruçarem sobre esta vertente cultural e ratificou no final sua ideia exposta inicialmente: "O teatro é uma arte que se faz coletivamente". Num clima leve e irreverente, Fernanda Paquelet finalizou sua oficina em meio a aplausos e risadas.

Patrocínio Colaborativo: fazendo seu projeto acontecer

Foto: Carla Galrão

Por Vanice da Mata, colaboradora da Agenda Arte e Cultura UFBA

Como os produtores tiram projetos de pequeno porte do papel, sem ficar reféns de editais públicos ou, pior ainda, da falta de recursos? A oficina Patrocínio Colaborativo, que aconteceu na tarde de quinta-feira, 3, na FACOM/UFBA, foi um momento de conversa sobre dinâmicas criativas dentro do universo da economia da cultura. Participaram da atividade estudantes, profissionais e empresários de áreas como Comunicação, Artes Plásticas e Cinema.

O segredo parece estar na disposição, capacidade de relacionamento e boa dose de criatividade. O mediador foi Gilberto Monte, sócio-fundador da In-vento – empresa de Salvador que desde 2012 gerencia soluções e inovações voltadas para empreendimentos culturais, e que recentemente fundiu-se com a P303, dando vida à Voulta. Em pouco mais de 3 horas, abordou o panorama de mudanças, sobretudo tecnológicas, que se deram na história da humanidade para possibilitar que hoje um grupo de pessoas possa refletir sobre patrocínio colaborativo no Brasil. Além disso, o facilitador mobilizou o público a identificar capitais disponíveis que, muitas vezes, não percebemos que estão à mão e que podem significar muito dinheiro.

Dicas sobre prototipação e validação do produto antes de formalizar um projeto foram pontos chaves a serem observados por alguém que planeja realizar algum intento. “Não adianta você se dedicar a algo sem testar se ele tem adesão”, sentencia o gestor e empreendedor cultural. Sistemas de recompensas para os patrocinadores, pensar em quem se interessaria num projeto como o seu, a escolha da plataforma mais adequada para exibir aquele produto, ter a exclusividade como moeda, bem como a importância de uma proposta clara e factível consolidada em uma planilha de custos coerente foram alguns dos passos a serem seguidos com atenção por quem deseja fazer o uso do patrocínio fundado em várias mãos. “Antes de fazer o projeto de sua área, aprecie similares. Veja o que deu certo e, mais ainda, o que não deu”, concluiu Gilberto. 

Alê Barreto ministra oficina de Projetos Culturais em Comunidades

Foto: Carla Galrão
Por Leandro Souza

A oficina Projetos Culturais em Comunidades, ministrada por Alê Barreto, teve por foco a relação entre a Produção Cultural e o desenvolvimento de projetos sociais. Ao dar início, Alê partilhou suas experiências profissionais junto ao Observatório de Favelas e o grupo Nós do Morro, onde exerce atualmente a função de gestor. Depois de se apresentar, Alexandre estimulou os inscritos a relatarem também suas próprias experiências. Nadja e Isabel, da Universidade Federal do Ceará (UFC), por exemplo, falaram sobre os projetos da CUCA (Centro Urbano de Cultura, Arte, Ciência e Arte), em Fortaleza; Marta Mendes, da UFBA, citou o projeto Pintadas Cultura Viva, do grupo Reluz Cia de Artes Cênicas, no interior da Bahia; e Erica Lima, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), explicou as atividades itinerantes do coletivo Caminhos Comunicação e Cultura, que ministra diversas oficinas no projeto Semeando Cultura.

Administrador de formação e produtor cultural de carreira, Alê Barreto expandiu a oficina para um momento de intercâmbio de experiências com projetos comunitários. O bate-papo com os inscritos foi movimentado por questões socioculturais e políticas, como a questão das UPP’s no Rio de Janeiro, das ONG’s que atuam em comunidades e partidarismo em projetos comunitários. 

Após a troca de vivências, Alexandre começou a esboçar orientações e análises acerca do papel de transformação social inerente aos projetos comunitários. Para isto, citou a realização do projeto Solos Culturais, difundido entre adolescentes das comunidades de Cidade de Deus, Manguinhos, Complexo do Alemão, Penha e Rocinha, para exemplificar como lidar com a implementação e desenvolvimento de um projeto sociocultural. O produtor recomendou não elaborar um projeto comunitário sozinho ou sem conhecer de perto a realidade e as demandas que cada local possui e destacou que o contato e a interação com os moradores deve ser sempre estabelecido. 

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Cantor da banda Cascadura realiza oficina no Enprocult

Foto: Carla Galrão
Por Elba Caroline

Nesta quinta-feira, 3, foram realizadas durante à tarde na Faculdade de Comunicação da UFBA as oficinas do encontro. Na sala 11, ocorreu a oficina de Produção Musical e Gestão de Carreira, ministrada pelo cantor e compositor Fábio Cascadura, fundador da banda de rock Cascadura. 

No começo da oficina, Fábio apresentou a sua trajetória na cena musical baiana e nacional e falou sobre o autogerenciamento de carreira relacionada à banda Cascadura e como o trabalho com a música foi desenvolvido de forma autodidata. Também foram destacadas na oficina a importância do produtor cultural na música e os diferentes papeis do produtor em um projeto musical. 

Fábio apresentou os cinco CDs lançados pela banda Cascadura e projetos realizados junto com a banda. Dentre os trabalhos expostos, ele escolheu dois para apresentar em formato de case: o “Sanguinho novo”, evento cultural ligado a uma ação social que incentiva a doação de sangue entre os jovens, e o projeto do DVD Efeito Bogary, realização de um documentário com os componentes da Cascadura e artistas convidados, como Nando Reis e Pitty. 

De forma leve e descontraída, Fábio e os participantes da oficina discutiram as leis de incentivos, direito autoral, ECAD, perspectivas sobre a produção cultural e sobre o cenário da música independente no Brasil. Como foi bastante frisado pelo artista, “tudo parte da criação do conteúdo”.

Assessoria de Comunicação para Eventos Culturais é tema de oficina

Foto: Carla Galrão
Por Adriana Santana

Assessoria de Comunicação para Eventos Culturais foi um dos temas das oficinas do 3º Enprocult. Mediada por Paula Berbert, assessora de comunicação da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), a atividade reuniu um público curioso por conhecer mais sobre a área. Estiveram presentes estudantes de Produção Cultural, Publicidade, Cinema, Jornalismo, Relações Públicas e Artes Visuais, de diferentes estados, que se queixaram da falta dessa formação específica nas faculdades que cursam.

Paula indicou que a Assessoria de Comunicação é dividida em assessoria de imprensa, relações públicas, criação de conteúdos, consultoria, gestão de sites e redes sociais, design, fotografia, audiovisual, cobertura, publicidade e pós-venda. “Antes as pessoas eram preparadas para lidar com os veículos oficiais da imprensa, mas hoje a comunicação está menos mediada. Com o avanço da internet, a gente pode falar com o público diretamente”, afirmou. Para o sucesso das atividades, a profissional defende que o planejamento estratégico é essencial. Mesmo que o assessor entre em um projeto cultural após a fase de idealização, deve buscar compreender o mesmo, através de entrevistas com pessoas envolvidas, coleta de materiais utilizados no planejamento etc. “O sucesso de um evento, dentre outros fatores, está relacionado a uma boa comunicação”, determina Paula.

Criar um conceito para o evento, alinhar a identidade – visual e até mesmo o discurso da equipe –, conhecer o funcionamento das redações de jornalismo e criar um mailing consistente – com contatos da imprensa e profissionais da área – também são fundamentais para a realização de um bom trabalho, confirme indica a assessora.

Criação de rede de produtores é planejada no encontro

Por Natália Cunha

A rede de articulação é um espaço proposto pelo 3° Enprocult para o diálogo entre os diferentes cursos de Produção Cultural do país. A atividade surgiu devido à demanda da consolidação do Encontro Nacional de Produção Cultural como local político para a área.

Dentro das falas dos participantes, foi citada a dificuldade de troca de conhecimentos entre os cursos, que são diferenciados entre si e necessitam de maior intercâmbio para que a profissão consiga se consolidar tanto fora quanto dentro da Academia. Para solucionar esse problema, foi proposta a escrita de uma carta ao Ministério da Educação (MEC) sugerindo a regularização desses cursos, para que seus currículos apresentem uma estrutura em comum. Dentre outros assuntos, foram discutidos na Rede o Vale-cultura e o próprio Enprocult e sua importância para a consolidação do curso.

A proposta é que, após o evento, seja criada uma rede online de discussão permanente sobre a área, incluindo a formulação de uma Comissão Executiva para planejar os próximos encontros.

Campos de atuação do produtor cultural são debatidos em mesa do Enprocult

Foto: Virgínia Andrade / Agenda Arte e Cultura UFBA
Por Adriana Santana

A segunda manhã do 3º Enprocult foi pautada por discussões sobre os Campos de Atuação da Produção Cultural. Participaram do debate desta quinta-feira, 3, a produtora teatral Vadinha Moura, a diretora da empresa de produção Janela do Mundo, Cláudia Lima, e o produtor Alê Barreto, do grupo teatral carioca Nós do Morro.  Alê Barreto substituiu o superintendente do Itaú Cultural, Eduardo Saron, que enfrentou problemas no embarque para Salvador.

Vadinha Moura apresentou sua experiência na gestão de diferentes espaços culturais baianos. O Teatro Módulo, que gerencia desde 1998, é um espaço direcionado para abrigar diversos tipos de espetáculos e eventos, porém, grande parte de suas pautas são destinadas às atividades culturais dos alunos do colégio a qual está vinculado. Já o Teatro Cidade do Saber, que coordenou entre 2007 e 2013, apresenta características diferenciadas, já que é administrado por uma ONG, em parceria com a prefeitura de Camaçari, cidade da Região Metropolitana de Salvador.  Além da programação artística, promove projetos voltados para as comunidades. Vadinha afirma que o principal desafio é aprender a lidar com diversos contextos sociais na Produção Cultural. “Cada lugar que você chega, tem uma cara, uma característica, então você tem que se adequar às diferentes realidades”, resumiu.

Cláudia Lima apresentou sua experiência frente à empresa Janela do Mundo, que ftundou em 2007. Antes de partir para a Produção Cultural, trabalhou por 16 anos como executiva na Rede Bahia, afiliada da TV Globo. Nesse processo, foi responsável por negociar a transmissão de eventos como o Carnaval e Festival de Verão na rede nacional. “Trouxe o foco executivo para a empresa que atuo hoje. Carlinhos Brown, um dos artistas que produzimos, costuma criar muito, então entramos numa perspectiva de como viabilizar essa criatividade”, afirmou. A administradora por formação apresentou conceitos e exemplos sobre visão estratégica e gestão do universo artístico, relação com o mercado, gestão comercial e de patrocínio, visão estratégica e gestão de eventos.

Alê Barreto articulou sua fala a partir das apresentações das duas produtoras. Ao mencionar a visão estratégica defendida por Cláudia Lima, apontou que os produtores devem aprender a lidar melhor com as ciências exatas, a fim de conquistarem um melhor planejamento para as produções. “Essa hierarquização de qual disciplina é melhor que a outra tem causado um atraso muito grande no setor cultural. O setor de entretenimento é aquele que não está atrasado no sentido de alcance de mercados, justamente por trabalhar bem com planejamento”, colocou. Na apresentação, falou ainda sobre a necessidade de conquista de autonomia por parte dos produtores, muitas vezes relegados à condição de “suporte” dos artistas.

Nesta sexta-feira, 4, a última mesa de debates do 3º Enprocult apresenta como tema as Novas Perspectivas para a Produção Cultural. Compõem a mesa a gerente de eventos da Arena Fonte Nova, Piti Canela, e os produtores DJ Branco e Messias Bandeira.

Soraia Drummond agita primeira noite do Enprocult



Por Adriana Santana

A primeira noite do Enprocult movimentou a FACOM/UFBA nesta quarta-feira, 2. A mistura de reggae com dubelétrica da cantora Soraia Drummond animou os participantes depois das sessões de trabalhos apresentadas à tarde. A  festa foi realizada pelo Programa de Educação Tutorial de Comunicação (PETCOM).

A cantora, compositora e multi-instrumentista Soraia Drummond se apresentou ao lado do DJ Raíz. Soraia foi premiada pelo Rumos Itaú 2010 com a música "Estamos em pleno Mar", inspirada no poema Navio Negreiro de Castro Alves, musicado em ritmo jamaicano. DJ Raiz é um dos percussores da cultura sound system na Bahia, integrante da equipe de som Ministereo Público, tendo iniciado a carreira tocando com grupos de rap e discotecando música black em Salvador.

Na noite de quinta-feira, a produção fica a cargo da Agência Experimental em Comunicação e Cultura, que planeja uma programação diversa. Grupos de capoeira e samba de roda iniciam a festa, que tem sequência com o show da cantora de MPB Jadsa Castro. O evento conta ainda com a presença de DJ Branco – com participações especiais da cantora de soul music Donna Liu e do grupo de rap Fúria Consciente – e do ator Paulo Paiva, que realizará uma intervenção teatral.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Produção Cultural, Mídia, Marketing e Divulgação são discutidos em sessão do 3º Enprocult

Foto: Carla Galrão
Por Vanice da Mata, colaboradora da Agenda Arte e Cultura UFBA

Três representantes femininas do Nordeste deram o tom das apresentações de trabalhos na sessão sobre Produção Cultural, Mídia, Marketing e Divulgação. Carolina Leal, Marília Moura e Géssica Castro trouxeram, respectivamente, experiências de divulgação da revista cultural Fraude (Salvador-BA), do projeto Gestão e Produção Cultural na Bahia, além de estudo sobre uso de mídias sociais no cenário cultural da Ribeira (Natal-RN). A sala 10 da Faculdade de Comunicação (Facom/UFBA) acolheu um grupo de cerca de 30 pessoas, dentre eles estudantes, professores e pesquisadores de todo o Brasil interessados em discutir Produção Cultural e suas perspectivas.

Em circulação há cinco anos, a revista Fraude teve um crescimento de 100% de público durante o lançamento de sua décima edição, em novembro do ano passado. O olhar mais cuidadoso para esta fase da produção da revista laboratorial do Programa de Educação Tutorial de Comunicação da Facom/UFBA se deu ainda em 2008, quando o grupo entendeu que o lançamento era uma importante estratégia para ampliar a visibilidade da publicação, bem como seu público leitor. “Inicialmente tínhamos em mente que a gente produzia para um público entre 18 e 24 anos. Com esta edição, que trouxe a temática das Feiras Livres e a sua importância para a construção da identidade histórica de Salvador, passamos a conversar com um público mais maduro, o que fez a gente estender a faixa etária da publicação até os 35 anos”, explicou a estudante de Produção Cultural e bolsista do Petcom/UFBA Carolina Leal.

Nascido de uma experiência em sala de aula e tendo como referência o projeto multimídia “Produção Cultural no Brasil”, do Ministério da Cultura (MinC), o projeto Gestão e Produção Cultural na Bahia cresceu rápido. Desde 2012 o portal conta com financiamento público, conquistado com inscrição no Edital de Demanda Espontânea da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb). “Através dos relatos de experiências e opiniões destes profissionais do estado, nosso objetivo é contribuir para reflexões sobre gestão e produção cultural na Bahia e, a partir disso, incentivar nova práticas na área”, explicou a estudante de Produção Cultural da UFBA e produtora executiva do projeto, Marília Moura. Até o fim deste mês, uma segunda etapa de depoimentos deve estar disponível para o público. O portal hoje conta com 15 depoimentos, dentre profissionais como Albino Rubim, Letieres Leite, Jarbas Bittencourt, Lia Robatto, Beth Rangel, todos representantes de diversas expressões artístico-culturais.

Apresentação de trabalhos: formação e organização da cultura

Foto: Carla Galrão

Por Elba Caroline

Com o tema “Formação e Aspectos Formativos na Produção Cultural”, a sessão de trabalhos realizada na sala 3 da Facom, às 14h, reuniu trabalhos sobre a formação em Produção Cultural no Brasil. 

A aluna Fernanda Souza, estudante da FACOM/UFBA, apresentou a pesquisa “Formação em Produção Cultural na UFBA: uma análise dos alunos egressos”. Os resultados foram obtidos através de questionário aplicado aos alunos egressos da universidade através do projeto “Mapeamento da Formação em Organização Cultural no Brasil”. Entre as principais questões discutidas entre os alunos, está a necessidade de inclusão de disciplinas práticas no currículo do curso.

Plínio Chaves, da Universidade Federal de Fluminense (UFF), apresentou o trabalho “Produtor Cultural em formação: a graduação no Brasil”. Em sua apresentação, trouxe o contexto histórico da Produção Cultural no Brasil e do surgimento dos cursos na área. Realizou ainda uma abordagem sobre os tipos de formação em diversas universidades do país. Segundo Plínio, “os cursos de Produção Cultural são bons, porém pecam na parte prática e na atualização de seus conteúdos”.

Ao final das apresentações, foram debatidas com o público as diferentes formações nos cursos de Produção Cultural e questões relacionadas à falta de disciplinas práticas.

Atuação profissional é pauta de sessão de trabalho

Por Natália Cunha

Uma das sessões do Enprocult teve como tema a “Atuação Profissional na Produção Cultural”. A sessão, realizada a partir de 16h30, na sala 11, reuniu três trabalhos, originários de diferentes estados: Alagoas, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro. A sala teve representantes de diversas áreas do país.

Os trabalhos apresentaram as variadas formações e possíveis atuações do produtor cultural. A direção e produção teatral no Nordeste, ações de revitalização do Beco da Cultura Ruy Pereira através do grafite, em Natal, e a produção de cinema estiveram em pauta. Na apresentação do terceiro trabalho, a baiana que estuda cinema no Rio de Janeiro, Paula Ferreira, falou sobre a dificuldade de fazer produção quando se é um profissional autodidata.

No período disponibilizado para perguntas do público, o estudante do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), Diego Queiroz, falou sobre a importância da democratização da cultura e de espaços públicos e que os produtores culturais precisam pensar mais nesses assuntos.

Sessão de Trabalho discute Produção Cultural e Música


Foto: Carla Galrão
Por Rayssa Guedes, colaboradora da Agenda Arte e Cultura UFBA

Produção Cultural e Música foi o tema que permeou a sessão de trabalhos na sala 9 da Faculdade de Comunicação da UFBA (FACOM). Estudos dos mais diversos segmentos sobre música foram expostos na tarde desta quarta-feira (2). Dividida em cinco momentos, as apresentações tiveram como temas o rap, a produção independente de rock e a relação entre música e educação, entre outros.

Iniciando os trabalhos, Franciele Cruz, estudante da Universidade Estadual da Bahia (UNEB) apresentou o trabalho “O rap como elemento de contrahegemonia”. Ela discorreu sobre a posição adversa que o gênero e seus agentes – músicos, produtores etc. – possuem frente ao preconceito e a segmentação provocada pela mídia. Refletiu ainda sobre a necessidade que os cantores do gênero possuem de se moldarem ao mercado, acabando por destoar dos seus objetivos iniciais, voltados para o combate à opressão e desigualdade social. 

O “Guia de Produção do Rock”, trabalho apresentado pela estudante da UFBA Clara Marques, é um site que busca atender as necessidades e curiosidades que músicos, produtores e aspirantes a tais possuem no que diz respeito aos processos de produção de rock independente. Estrutura e Técnica, Agenciamento e Promoção, Formação e Prática, Mídia e Circulação, Gravação e Distribuição, Arte e Vídeo são algumas das categorias em que Clara dividiu o estudo. Outro trabalho em que o rock é tema foi o do grupo composto por Larissa Pereira, Emanuela Maria e Celso Alves, do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN). Eles apresentaram a "Produção do cenário do rock independente de Natal (RN)", falando sobre as bandas locais que persistem em tocar em lugares no qual a visibilidade, o retorno financeiro e o prestígio se fazem escassos. Celso Alves comenta que, embasados na pesquisa, o grupo pode perceber que tais bandas são movidas a continuar fazendo o trabalho pelo amor à música e desejo de fazer algo novo.

Primeira atividade do Enprocult debate a Formação do Produtor Cultural

Geise Oliveira, Leonardo Costa e Maria Helena Cunha. Foto: Virgínia Andrade
Por Adriana Santana e Leandro Souza

O 3º Encontro Nacional de Produção Cultural (Enprocult) teve início nesta quarta-feira, 2, na Faculdade de Arquitetura da UFBA. A abertura contou com a presença da diretora da Faculdade de Comunicação da UFBA (Facom), Suzana Barbosa, e do pesquisador e atual secretário de Cultura do Estado da Bahia (Secult-Ba), Albino Rubim. A primeira mesa redonda do evento discutiu a Formação do Produtor Cultural e recebeu como convidados o pesquisador e professor da Facom, Leonardo Costa, e a gestora cultural Maria Helena Cunha, sendo mediada pela mestranda do Programa de Pós-graduação em Cultura e Sociedade (Pós-Cultura/UFBA), Geise Oliveira. 

Albino Rubim apresentou inicialmente o histórico de políticas culturais brasileiras, para chegar até o atual contexto do Ministério da Cultura (MinC), que tem a formação como um dos eixos prioritários. “Com as novas políticas iniciadas no MinC com o ex-ministro Gilberto Gil, vemos a ampliação da necessidade de formação na área cultural. Como vamos trabalhar com sistemas, planos e fundos de cultura, por exemplo, se não houver gente qualificada para mediar o processo? Se não houver profissionais qualificados, não vamos avançar no gerenciamento das políticas”, indicou o pesquisador. Rubim afirmou ainda que a formação e qualificação em cultura é uma das prioridades da Secult-Ba. A secretaria conta com programa, rede, editais e assessoria específica voltados para o setor, além de abrigar um Centro de Formação em Artes, que atende a capital e o interior da Bahia. “A meta é estabelecer o estado como lugar de formação e qualificação em cultura”, indicou.

Após a abertura, a diretora da empresa mineira Inspire Gestão Cultural, Maria Helena Cunha, iniciou os debates da mesa com dados de sua pesquisa sobre a formação de gestores, apontando alguns desafios e perspectivas na área. Como desafios, foram destacados o processo de reconhecimento da profissão no campo social, ainda não consolidado, assim como a qualificação profissional, que necessita de descentralização regional e algumas reformulações. Cunha indicou que os formatos diferenciados de formação devem estar em sintonia com as necessidades e demandas específicas ao produtor cultural. Por sua vez, Leonardo Costa trouxe ao público os resultados de sua pesquisa no campo de formação em cultura. Como resultados principais, o projeto “Mapeamento da Formação em Organização Cultural no Brasil” apontou a centralização de cursos na região Sudeste, a pluralidade de terminologias em diferentes regiões do país e insatisfação de egressos (2009-2012) quanto à formação teórica/conceitual. O mapeamento pode ser acompanhado no site http://www.organizacaocultural.ufba.br/.

A segunda mesa de debates ocorre nesta quinta-feira, 3, tendo como tema os “Campos de Atuação do Produtor Cultural”. A atividade contará com as presenças da produtora teatral Vadinha Moura, do superintendente do Itaú Cultural, Eduardo Saron, e da sócia da empresa baiana Janela do Mundo, Claudia Lima.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

“Aprende-se na prática, mas não é o suficiente”, afirma Maria Helena Cunha sobre a Produção Cultural brasileira

Maria Helena Cunha participa do 3º Enprocult nesta quarta-feira, 2
O debate sobre a Formação do Produtor Cultural será pauta da primeira mesa redonda do Enprocult, que acontece nesta quarta-feira, 2, às 9h, na Faculdade de Arquitetura da UFBA. Uma das convidadas para o encontro é a diretora da Inspire Gestão Cultural e da Duo Editorial, Maria Helena Cunha. Autora do livro “Gestão Cultural: profissão em formação”, a pesquisadora abordará temas relacionados a seu estudo acerca da capacitação de gestores culturais. Entrevistada pela Produção do 3º Enprocult, Maria Helena iniciou um diálogo sobre a formação em cultura e afirmou: “aprende-se na prática, mas não é o suficiente”. 

Enprocult: A área da Produção Cultural vem passando por mudanças significativas, principalmente depois da gestão de Gilberto Gil no Ministério da Cultura. Qual a importância da realização de um encontro nacional com o objetivo de debater o setor?

Maria Helena Cunha: Não há dúvida que houve avanços na área da cultura, e aqui me refiro, em especial, na área de produção e gestão cultural, reflexo de um processo de organização e complexificação do setor. Desta forma, é de extrema importância a realização de encontros nacionais que colocam em pauta a discussão sobre o processo de formação, fundamental para o acompanhamento dos avanços já conquistados e a reflexão sobre as perspectivas futuras que envolvam não só a ampliação das possibilidades de atuação profissional, mas a sua valorização enquanto setor capaz de realizar intervenções propositivas na sociedade.  

Enprocult: Sabemos que não é necessário ter formação na área para atuar como produtor cultural. Nossa profissão tem um caráter multidisciplinar e isso, de algum modo, vai ser debatido no evento. Ainda assim, de que modo a formação em cultura é importante? Como você avalia a criação recente de inúmeros cursos no setor, sejam de graduação, especialização ou profissionalizantes?

Maria Helena Cunha: Atualmente, eu não afirmaria com tanta certeza que não é necessário uma formação para atuar como produtor cultural, a experiência profissional é fundamental, mas não elimina a necessidade de uma formação específica. Assim, para dar conta da complexidade que envolve o setor cultural, que tem uma capacidade de absorção de profissionais com perfis diferenciados, a formação torna-se um grande diferencial, seja por meio de cursos livres ou acadêmicos. Ferramentas de trabalho como, por exemplo, o planejamento estratégico, deve fazer parte do processo de formação de um profissional que deseja atuar na área. Aprende-se na prática, mas não é o suficiente. 

É preciso avaliar os diversos cursos específicos para o setor sob vários aspectos, mas acredito que o problema maior ainda continua sendo a concentração nos grandes centros urbanos. Apesar de verificarmos o crescimento do volume de cursos ofertados nessa área, ainda é pequeno para a demanda nacional, além de ser necessário um acompanhamento do conteúdo disponibilizado.  

Enprocult: Com a criação de mais cursos, o que vemos é a multiplicidade de grades curriculares, muito divergentes entre si. De que modo isso é positivo ou negativo? A padronização mínima de disciplinas ou temas a serem estudados é necessária?

Maria Helena Cunha: Como dizia anteriormente, é preciso entender essa grade curricular. Os conteúdos oferecidos pelos cursos sempre serão diferentes, pois um curso pode ter um viés mais voltado para a política e a gestão pública da cultura e outro com um viés para o mercado. Há ainda a existência de cursos que trazem para a sua grade curricular a discussão desses dois pontos de vista como possibilidade de atuação profissional. Depende inclusive do perfil da instituição que está à frente do curso. 

Num país com a dimensão territorial brasileira, acredito na importância da construção de uma linha dorsal que constitua um desenho comum que inclua disciplinas básicas e necessárias, mas é importante respeitar a diversidade regional, local e suas especificidades. Embora já tenha sido colocado em pauta em alguns encontros sobre formação profissional, acredito que sejam necessários mais estudos e pesquisas sobre o tema.